Uma parte dos consumidores atualmente possui intenções de compra muito claras quando se trata de sustentabilidade. Esse movimento acende um alerta em empresas que não se engajam em políticas ESG (sigla para meio ambiente, social e governança, em português) pelo risco de perderem uma parcela do mercado, bem como reflete no modo como startups e empresas se posicionam de modo geral. Segundo pesquisa realizada em 2021 pelo Institute for Business Value (IBV), ligado à IBM, 84% dos consumidores afirmaram que estão até dispostos a pagar mais em produtos ou serviços de empresas que apliquem essas práticas.
Seguindo a tendência, a Moss, climatech brasileira pioneira e líder na comercialização de crédito de carbono e de soluções ambientais em blockchain, associada à ABFintechs, se propõe a unir pessoas e empresas no combate às mudanças climáticas por meio de tecnologias eficazes que preservam o meio ambiente. Fernanda Castilho, General Manager da Moss, enfatiza que a tendência não é só modismo é atender demandas dos novos consumidores, principalmente os mais jovens.
A executiva ressalta que os millennials e a Geração Z já são parte expressiva da população no mundo e cada vez mais em ascensão como público consumidor. “Essas gerações são mais seletivas quanto aos produtos que consomem e os que mais exercem pressão para que empresas adequem seus produtos e serviços a um modelo mais sustentável. A atitude é positiva e tem colaborado para que organizações trabalhem em ações mais efetivas”, assinala.
Fernanda também destaca que o ambiente no Brasil é muito positivo para o crescimento de empresas de tecnologia focadas em sustentabilidade, como as green fintechs, mas a maior dificuldade no país talvez ainda seja a falta de recursos e investidores. “A atração de investimentos ainda é um gargalo para o crescimento de novas soluções neste mercado, mas já é notável uma adesão maior de empresas às práticas ESG, principalmente após as discussões da conferência climática COP26”.
Outro exemplo de fintech que busca um caminho mais limpo para as suas operações é o Impact Bank, também associado ABFintechs. O CEO, Gabriel Ribenboim, afirma que a empresa se embasa tanto em políticas ESG quanto nos princípios de economia regenerativa, ou seja, busca gerar riqueza, mas entregando sustentabilidade ambiental, econômica e integridade social.
Para o CEO, fica cada vez mais evidente o potencial de startups, fintechs e da iniciativa privada em promover serviços e produtos focados em contribuir para a resolução de problemas da sociedade e do meio ambiente. Contudo, Gabriel afirma que se faz necessária uma transição assertiva e acelerada para uma economia mais justa. “Tudo está intrinsecamente conectado a um framework integrado capaz de monitorar fluxos financeiros, avaliar as tecnologias verdes que estimulem a expansão, segurança, escala e transparência do mercado”, completa.
Outra startup associada à ABFintechs, que se destaca é a Openbox, uma green fintech de crédito para PMEs que recentemente recebeu um aporte de R$20 milhões da SRM Ventures. Maurício Rodrigues, CEO da empresa, acredita no efeito dominó da transformação sustentável, afirmando que o mercado busca a fintech para qualificar e monitorar clientes, ofertando produtos e serviços que sejam condizentes às práticas ESG. “Pesquisas recentes mostram que 73% dos consumidores creem que empresas devem tomar medidas específicas para melhorar as condições socioeconômicas dos seus clientes”, afirma.
Maurício explica que alguns gestores buscam resultados imediatos, deixando as metas de longo prazo à parte, mas que existem maneiras de romper essas barreiras. “É preciso implementar um sistema de recompensa forte, onde as vantagens sejam parte de uma jornada contínua. Assim, líderes olharão para o ESG com outros olhos”, destaca.
O CEO ainda afirma que a estruturação de um sistema de recompensas precisa ser diversificado, seja com oferta de serviços financeiros, crédito e financiamentos mais aderentes, como também na educação e desenvolvimento do time interno.
A ideia de que a preocupação com o meio ambiente fica apenas em nossa vida privada está sendo deixada para trás. A quarta revolução industrial será focada em modos de produção menos agressivos ao meio ambiente e mais inclusivos à sociedade como um todo, e este processo não é apenas fundamental, mas quase obrigatório para evitar efeitos ainda mais extremos ao planeta.